Estar atento a qualidade e quantidade de ração ingerida nos primeiros dias de vida da ave impacta diretamente no seu desenvolvimento até o momento do abate.

Um dos grandes desafios da avicultura é assegurar que as aves, assim que descarregadas na granja, já comecem a se alimentar. As dificuldades nesse primeiro momento, vêm decorrentes da temperatura de cama e do ambiente no galpão, principalmente no inverno. Neste momento, há outros desafios relacionados a:

• Regulagem de equipamentos
• Quantidade de ração nos comedouros
• Falta de estímulo de consumo

Caso esses aspectos não estejam de acordo, as aves terão dificuldade em se alimentar nos primeiros dias. O ambiente é novo para elas, por isso, é preciso facilitar ao máximo o consumo inicial para que elas aprendam a se alimentar.

Sabe-se que quanto mais cedo o pintainho se alimentar e mais peso ganhar até os sete dias, melhor será sua imunidade, seu tamanho, qualidade intestinal, peso final e conversão alimentar.

É de conhecimento que a cada 10g a mais no peso de sete dias da ave, haverá uma diferença de 70g no peso final de abate. Para entender melhor como a alimentação nos primeiros dias é importante, confira a seguir de que forma o manejo da ração auxilia a ave a obter seu máximo potencial genético.

Aquecendo a cama desde o pré-alojamento

A principal forma de troca de calor das aves é com a cama. É onde elas estarão em contato com suas patas e corpo ao deitar-se. Portanto, não adianta aquecer somente o ambiente poucas horas antes de alojá-las. O pré-aquecimento de cama deve ser feito com 48 horas de antecedência ao alojamento das aves no inverno, e 24 horas antes, no verão.

Caso seja uma cama de primeiro alojamento, com maravalha nova, é necessário aquecer por 48 horas, mesmo no verão, pois trata-se de uma cama que precisa de mais tempo de aquecimento para chegar na temperatura desejada, que é de 32 °C.

Se as aves forem alojadas em uma cama fria, ao invés de procurarem ração e água elas ficarão paradas, reflexo de um comportamento de frio. Lembrando que a ambiência não é apenas o aquecimento, mas também uma boa qualidade do ar sem gás carbônico, amônia e demais gases, que também causam essa parada de consumo de ração pelas aves, bem como outras doenças que afetam o lote.

Teste do papinho das aves

O teste do papinho é uma forma muito assertiva de saber se o manejo inicial está de acordo. Após 24 horas do alojamento, são fechados seis pontos do aviário, com uma quantidade de mais ou menos 100 pintinhos em cada ponto, e faz-se a conferência do papo.

Espera-se encontrar, após 24 horas de alojamento, 95% dos pintinhos com o papo cheio. Caso esteja abaixo disso, significa que as aves estão com alguma dificuldade de se alimentar e tomar água. Isso pode ocorrer por falas na:

• Ambiência
• Regulagem de altura
• Quantidade de comedouros
• Arraçoamento no papel

Incentivando a alimentação das aves nos primeiros dias de vida

Nos primeiros dias, o principal ponto de alimentação das aves é a ração sob o papel colocado na cama. É preciso trabalhar 60% da pinteira com papel. Mas é importante colocar o papel de forma correta, calculando a quantidade de aves alojadas com a quantidade de ração que precisa ser despejada em cada linha de papel.

Supondo que sejam alojadas 20 mil aves, no primeiro dia, deve-se calcular 8g de ração no papel por ave alojada. Ou seja, fornecer 160kg de ração, distribuídos geralmente em oito linhas de papel. Porém, não deve ser jogada toda essa quantidade de ração de uma só vez, pois as aves podem defecar em cima do mesmo papel que estão comendo, podendo assim haver contaminação, redução no consumo e desperdício de alimento. Portanto, a ração deverá ser distribuída nas seis linhas de papel em, no mínimo, oito vezes por dia. Desta forma, é possível garantir que não haja desperdícios e as aves continuem consumindo uma ração de boa qualidade.

Essa prática ajudará também no estímulo de consumo das aves, pois cada uma das vezes que os produtores jogarem ração no papel, eles estimularão os pintinhos a levantar e comer. Sabe-se que eles são estimulados tanto pela movimentação dentro da granja, quanto pelo barulho da ração caindo no papel.

O manejo dos papeis é usado até o terceiro dia. No segundo e terceiro dias serão jogados 5g de ração por ave alojada, pois elas já encontrarão melhor a ração nos demais comedouros. No quarto dia, devem ser retirados os papeis que já não têm mais condições de serem usados. Vale destacar que é indicado que os papeis tenham de 1 a 1,2m de largura com bordas nas laterais para evitar desperdícios e excesso de sujeira.

Com relação a regulagem e quantidade dos comedouros automáticos e infantil, nessa fase inicial é indicado usar um comedouro para cada 60 aves alojadas. É preciso deixar os comedouros enterrados até a borda na cama com ração nos três primeiros dias, para que as aves possam aprender onde irão encontrar o alimento. A partir do quarto dia, o comedouro fica com 75% do volume do prato com ração e regulado de forma com que a borda fique na altura do papo da ave. Deve-se adequar essa regulagem semanalmente até o abate das aves, deixando os comedouros mais altos e com menos ração para que não haja desperdício, mas sempre cuidando para que a borda do comedouro esteja na altura da base da asa.

Comportamento das aves: o melhor parâmetro de manejo

A forma como a ave se comporta é o melhor parâmetro para saber se o manejo está adequado. Na primeira semana é importante observar os cinco principais comportamentos das aves, que como ela comem, bebem, correm, brincam e se deitam. O ideal é que ocorra de maneira homogênea no galpão.

Desenvolvimento do intestino influencia na imunidade da ave

A ração na fase inicial é primordial para as aves. Quanto mais cedo elas se alimentarem, melhor será o desenvolvimento do intestino, que será responsável tanto pela imunidade do animal, quanto pelo peso final e conversão alimentar. Aves que se alimentam antes do tempo e demais, acabam desenvolvendo intestinos maiores, aproveitando melhor a ração consumida. Elas tendem também a terem vilosidades maiores, o que impacta na absorção dos nutrientes, e em melhor imunidade com maior resistência a patógenos. Outra maneira de garantir o desenvolvimento do intestino é fornecer aos animais aditivos fitogênicos e ácidos orgânicos microencapsulados, que estimulam o crescimento das vilosidades, aprimoram o perfil da microbiota e facilitam a digestão dos alimentos.

Para garantir que as aves possam desenvolver ao máximo seu potencial genético é preciso garantir que elas consigam consumir a quantidade certa de ração, de forma que todo lote tenha acesso igual aos pontos de comida, durante todo lote.

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