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Influenza Aviária: principais dúvidas sobre a doença e a ameaça à produção de aves

Convidamos a médica veterinária Thaiza Savaris, professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina, para tirar algumas dúvidas sobre a Influenza Aviária que tem preocupado alguns países e deixado o Brasil em alerta.

A gripe aviária, também chamada de influenza aviária ou gripe do frango, é uma infecção que atinge aves provocada pelo vírus influenza do tipo A. Algumas cepas virais apresentam capacidade de provocar doença leve (baixa patogenicidade), enquanto outras provocam doenças graves (alta patogenicidade).

Todas as aves são consideradas suscetíveis à infecção, embora algumas espécies sejam mais resistentes que outras. A gripe aviária de alta patogenicidade é a que provoca maior preocupação, pois se caracteriza por início súbito, sintomas graves e morte rápida, com taxa de mortalidade próxima a 100%.

A Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) tem recebido notificações a respeito de focos de Influenza Aviária de alta patogenicidade, com registros da doença na Europa, China, Japão, Índia, Canadá, Estados Unidos, África Ocidental e África do Sul.

O Brasil ainda é considerado livre desse vírus, porém o risco de entrada do patógeno existe, o que provoca preocupação nos órgãos públicos nacionais e agentes do setor privado, já que o país é o maior exportador de frangos. Confira a seguir as principais dúvidas sobre a Influenza Aviária e quais medidas estão sendo tomadas para manter a criação avícola brasileira livre desta enfermidade.

Quais os riscos da Influenza Aviária nos lotes de frango

É eminente o risco que os vírus de baixa patogenicidade apresentam. Isso porque estes agentes podem sofrer mutações dando origem a cepas de alta patogenicidade, principalmente quando transmitidos de aves silvestres para aves domésticas.

Isso significa que existe sim um risco constante de introdução da doença no Brasil. Porém, há que se considerar que o Brasil está fora das grandes rotas migratórias de aves aquáticas, consideradas reservatórios e disseminadoras da doença, apesar de existirem migrações de aves silvestres no nosso território. Além disso, o clima tropical e subtropical do Brasil não é considerado favorável à sobrevivência do vírus da influenza. E ainda, a criação de aves comerciais em confinamento oferece certa proteção em relação às aves silvestres e de fundo de quintal.

Além da possibilidade da chegada no território nacional do vírus por meio de aves migratórias, outras formas de introdução e disseminação devem ser consideradas, como a movimentação internacional de aves de produção e de companhia, criações consorciadas de muitas espécies em um mesmo estabelecimento e o comércio de materiais genéticos, produtos e subprodutos avícolas. Turistas provenientes de áreas infectadas pelo vírus, por seus calçados e vestimentas também podem funcionar como vetores mecânicos.

Os procedimentos realizados pela vigilância sanitária minimizam a possibilidade da enfermidade. Algumas das ações tomadas são:

  • Monitoramento de sítios de aves migratórias;
  • Vigilância passiva e constante em criatórios avícolas;
  • Procedimentos de biosseguridade;
  • Compartimentação da cadeia produtiva;
  • Monitorias constantes;
  • Critérios para diagnóstico e definição de casos suspeitos.

A importância dos programas de monitoramento contra a Influenza na proteção dos planteis

As monitorias clínicas, sorológicas, isolamento viral, inquéritos e estudos epidemiológicos constituem as principais maneiras de se monitorar os plantéis comerciais. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) possui programas permanentes de controle e erradicação da Doença de Newcastle e Influenza Aviária e, também, possui um programa de monitoria ativa dos vírus, onde são realizadas coletas de amostras periodicamente em diferentes regiões que concentram a produção avícola no país. O Departamento de Saúde Animal, da Secretaria de Defesa Agropecuária, realiza constantemente a avaliação da situação epidemiológica e riscos sanitários ao plantel avícola nacional.

Medidas adotadas para minimizar a possibilidade de ocorrência da Influenza Aviária

O MAPA elaborou o Plano Nacional de Prevenção à Influenza Aviária, que prevê ações para proteção dos plantéis avícolas brasileiros, e o Plano de Contingência para a prevenção da Influenza Aviária, relacionando as medidas a serem tomadas pelo serviço oficial e criadores. Estas medidas observam e monitoram as formas de introdução do agente, que pode ocorrer por:

  • Trânsito de passageiros;
  • Importação de animais e material genético;
  • Produtos biológicos;
  • Lixo de bordo de aviões e navios;
  • Correspondência postal;
  • Pela transmissão por aves migratórias.

O MAPA realiza vigilância sanitária sobre o material genético no ponto de ingresso (portos, aeroportos e fronteiras), bem como controla as importações de aves destinadas à reposição de material genético. Ademais, o Brasil realiza controle de todo material de risco importado, incluindo apreensões em bagagem acompanhada, através de análise de risco do país de origem dos produtos e do próprio produto.

Sintomas observados no caso de positividade de Influenza Aviária

Aves acometidas por variantes de baixa patogenicidade (Low Pathogenic Avian Influenza – LPAI) podem apresentar sinais brandos ou, até mesmo, serem assintomáticas. Já as aves acometidas por variantes de alta virulência (Highly Pathogenic Avian Influenza – HPAI), apresentam elevada morbidade e mortalidade em um curto período – de 48 a 72 horas. Além disso outros sintomas são associados, como:

  • Diminuição na produção e qualidade de ovos;
  • Apatia;
  • Inapetência;
  • Secreção ou corrimento nasal;
  • Tosse;
  • Espirros;
  • Cianose;
  • Edema de crista e barbela;
  • Edema periorbital;
  • Conjuntivite;
  • Diarreia (esverdeada);
  • Desidratação;
  • Hiperemia na pele (pernas);
  • Hemorragias petequiais em musculaturas e órgão internos (proventrículo, epicárdio, moela, intestinos, tonsilas cecais, gordura abdominal etc.);
  • Sinais nervosos relacionados a incoordenação motora, paralisia, torcicolo e opistótono;
  • Se o curso da infecção for hiperagudo, nenhuma lesão será observada.

Manejo adequado da granja em casos de positividade de Influenza Aviária

Em caso de confirmação da IA de alta patogenicidade, o Plano de Contingência para a Influenza Aviária descreve ações para prevenir a disseminação da doença. Nestes casos, o Serviço Oficial deverá executar as ações de contenção da granja, impedindo a movimentação das aves dos criatórios acometidos e a disseminação do vírus para outros plantéis.

O abate sanitário das aves deve ser realizado, bem como a eliminação dos ovos e produtos avícolas, incluindo ração e cama, com a correta eliminação e destruição dessas carcaças, ovos e produtos. A carne das aves dos estabelecimentos afetados e que foram abatidas dentro do período de incubação da doença, deve ser localizada e destruída, ou termicamente tratada em abatedouro com SIF ou SIE, assim como os ovos incubáveis e de consumo.

É fundamental realizar a limpeza e desinfecção constante de todas as áreas da propriedade, do estabelecimento e dos veículos utilizados para transporte dos materiais. A retirada de qualquer espécie de animal existente na propriedade é proibida.

Nenhuma ave deve ser reintroduzida no estabelecimento até que seja feita a liberação pelo Serviço de Defesa Sanitária Animal, em um período mínimo de 21 dias após a conclusão do procedimento de limpeza e desinfecção.

De posse dos resultados de investigação epidemiológica, os serviços de defesa sanitária animal de cada Estado, em concordância com o Departamento de Saúde Animal, devem adotar medidas sanitárias em estabelecimentos vizinhos do local onde foi confirmada a doença ou em quaisquer outros estabelecimentos onde haja suspeita de disseminação da doença.

Outra ação a ser executada é a demarcação de zona de proteção num raio de 3km, ao redor do foco de infecção e a demarcação de zona de vigilância, com raio mínimo de 7km, ao redor da zona de proteção, sendo que, dentro dessas áreas, são aplicadas medidas de erradicação e controle. Na zona de proteção, as medidas serão aplicadas por, pelo menos, 21 dias após o sacrifício e destruição das aves e procedimento de limpeza e desinfecção das instalações do estabelecimento-foco.

Após esse período, a zona de proteção se tornará zona de vigilância. As medidas serão aplicadas à zona de vigilância por período mínimo de 30 dias após a realização da limpeza e desinfecção às áreas-foco. Porém, as ações de controle poderão ser mantidas em ambas as zonas, durante o tempo necessário para assegurar a completa erradicação do vírus.

Como é realizado o diagnóstico no campo

Após a notificação de suspeita do vírus, a unidade veterinária local deve proceder com as investigações necessárias. Depois do registro da denúncia, é realizado um levantamento de dados sobre a propriedade notificada e propriedades ao redor. O médico veterinário local do Estado deve visitar o foco do patógeno num prazo não excedente a 12 horas e realizar a investigação clínico-epidemiológica, registrando informações, verificando a presença de aves com sintomatologia clínica de caráter respiratório/nervoso e agudo, além de analisar a alta taxa de mortalidade, queda nos índices zootécnicos, seja na produção de ovos ou no ganho de peso, além de queda no consumo de ração e água. Estas observações devem ser seguidas da necropsia, para descrição dos achados anatomo-patólogicos, utilizando EPIs, de aves mortas e aves doentes, com colheita de amostras para envio ao laboratório oficial, o LANAGRO-SP.

Para a coleta de aves mortas deve-se retirar amostras separadamente tomando alguns cuidados na hora da coleta.

  • Amostras de aves doentes (fase aguda da doença);
  • Os fragmentos dos órgãos dever medir 3 cm, coletados em frascos plásticos descartáveis com tampa de rosca contendo 5 mL do meio de transporte;
  • Deve-se coletar os pools de órgãos separadamente: sistema digestivo (intestino delgado com pâncreas e ceco com tonsilas cecais), sistema respiratório (pulmão e traqueia) e sistema nervoso (cérebro).

No caso de aves vivas, deverão ser colhidos:

  • Sangue da veia ulnar da asa, para obtenção de soro;
  • Suabes de traqueia e de cloaca, para diagnóstico molecular e isolamento viral;
  • O material para sorologia deve ser congelado ou resfriado para o envio ao laboratório;
  • O material destinado ao isolamento viral ou RT-PCR deve ser transportado sob refrigeração ou congelamento em nitrogênio líquido, ou gelo seco, ou em ultrafreezer (-80 °C), uma vez que o congelamento comum diminui a eficácia da técnica.

Para o diagnóstico da doença é necessário o isolamento viral, detecção de RNA ou de proteínas virais, obtidos de tecidos, ovos embrionados ou suabes de traqueia ou cloaca por RT-PCR/ RT-PCR em tempo real. O diagnóstico presuntivo pode ser realizado de forma indireta, através de detecção de anticorpos específicos na sorologia. Estes ensaios diagnósticos devem ser realizados pelo laboratório oficial (LANAGRO/SP).

Consumir carne contaminada pode transmitir Influenza em seres humanos?

A Influenza Aviária não é transmitida pelo alimento cozido. Não há evidências que indiquem a infecção por consumo de frangos cozidos adequadamente ou de produtos derivados, mesmo que esses alimentos tenham sido contaminados por variante de alta patogenicidade. A carne de frango deve ser cozida à temperatura mínima de 70 °C.

Em relação ao ovo, o seu consumo também é seguro. É recomendável que o ovo seja sempre consumido cozido. A casca do ovo pode ser contaminada no contato com as fezes das aves, por isso é importante que tomem os devidos cuidados de higiene, como evitar contato da casca com pias e demais utensílios domésticos e lavar as mãos posteriormente.

Em caso de detecção de foco de Influenza Aviária de alta patogenicidade, a carne de aves, ovos e produtos avícolas originados na zona de proteção e de vigilância serão bloqueados para venda, à exceção daqueles submetidos a tratamento térmico. Mas, nenhum produto que possa ser considerado de risco de contaminação da população humana será liberado para a venda. O consumo de carne de aves e ovos nas prateleiras de mercados é seguro, pois apenas alimentos que sofrem inspeção veterinária podem ser vendidos nessas condições.

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Thaiza Savaris - Médica Veterinária, mestre em Ciência Animal e professora do curso de Medicina Veterinária e de pós-graduação em Sanidade Avícola na UNOESC – Xanxerê.

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